O mito de Francisco de Vitória: defensor dos direitos dos índios ou patriota espanhol?

Paulo Emílio Vauthier Borges de Macedo

Resumo


O presente texto analisa algumas distorções que a busca por um pai fundador da disciplina de direito internacional provocou quando engendrou o mito de Francisco de Vitória. O Teólogo de Salamanca se tornou um defensor do direito dos índios e teria tido uma concepção de direito das gentes bastante moderna. No entanto, Vitória também foi um patriota espanhol e um tomista, duas filiações prejudiciais a essa imagem. Conclui-se que a sua concepção de direito das gentes ainda é antiga, bem distinta da noção atual de direito internacional, e que o autor esposa um direito de intervenção, embora distinto daquele apregoado pela política oficial da Espanha. O método utilizado foi o indutivo, e as fontes primárias foram os próprios textos do autor (documentação bibliográfica). O artigo visa, pois, desmitificar uma idéia muito comum sobre um dos maiores fundadores do direito internacional.

Palavras-chave


Francisco de Vitória; direito das gentes; direito natural

Texto completo:

Texto completo

Referências


BARCIA TRELLES, Camilo. Francisco Suárez: les

théologiens espagnols du XVI e siècle et l’école moderne du

droit international. Recueil de Cours de l’Académie de Droit

International de Le Hague, Haia, n. 1, p. 386-503, 1933.

BARTHÉLEMY, Joseph. François de Vitoria. In : PILLET,

Antoine. Les fondateurs du droit international. Paris: V.

Giard & E. Brière, 1904.

BORGES DE MACEDO, Paulo Emílio. O nascimento do

direito internacional. São Leopoldo: UNISINOS, 2009.

BOURQUIN, Maurice. Grotius est-il le père du droit des

gens? (1583-1645). In:______. Grandes fi gures et grandes

oeuvres juridiques. Genève: Librairie de l’Université, Georg

& Cie., 1948.

DELOS, J. T. La société internationale et les principes de droit

public. 2. ed. Paris: Pédone, 1950.

GROTIUS, Hugonis. De jure praedae commentarius. La

Haye: Hamaker, Nijhoff , 1868.

HAGGENMACHER, Peter. 1492 le choc de deux mondes.

In : COMISSION NATIONALE SUISSE POUR L’UNESCO,

Genève. Actes du Colloque. Genève: La Diff érence, 1993. pp. 210-222.

HINOJOSA, Eduardo. Infl uencia que tuvieron en el derecho

público de su pátria y singularmente en el derecho penal

los fi lósofos y teólogos españoles, anteriores a nuestro siglo.

Madrid: Reus, 1890.

HOLLAND, Th omas E. Alberico Gentili: an inaugural

lecture delivered at all souls college. In: STUDIES IN

INTERNATIONAL LAW, 7., 1874, Oxford: Clarendom Press, 1898.

ISIDORUS HISPALENSIS EPISCOPUS. Etymologiarum

sive originum libri XX. Oxford: Claredon Press, 1911.

IUSTINIANUS IMPERATOR. Corpus iuris civilis. Berlim:

Weidmann, 1908.

MIAJA DE LA MUELA, A. Internacionalistas españoles

del siglo XVI. Fernando Vazquez de Menchaca. Valladolid:

Universidad de Valladolid, 1932.

NYS, Ernest. Le droit de la guerre et les précurseurs de

Grotius. Bruxelles et Leipzig: Murquardt, 1882.

RIVIER, Alphonse. Note sur la littérature du droit de gens

avant la publication du Jus Belli ac Pacis de Grotius (1625).

Bruxelles: Académie Royale de Belgique, 1883.

SCOTT, J. B. Conferencias del presidente del Instituto

Americano de Derecho Internacional preparadas en

homenaje a la Universidad Mayor de San Marcos. Lima:

Universidad Mayor de San Marcos, 1938.

SCOTT, J. B. Th e catholic conception of International Law.

Washington D.C.: Georgetown University Press, 1934.

SCOTT, J. B. Th e spanish origin of international law:

Francisco de Vitoria and his law of nations. 2. ed. New

Jersey: Th e Law Book Exchange, 2003.

STUMPF, Christoph A. Christian and islamic traditions

of public international law. Journal of the History of

International Law, Hamburgo, n. 7, p. 68-80, abr. 2005.

SUÁREZ, Francisco. Guerra intervención paz internacional.

Tradução para o castelhano de Luciano Pereña. Madrid:

Espasa-Calpe, 1956.

TIERNEY, Brian. Vitoria and suarez on ius gentium, natural

law and custom. In: ______. Th e nature of customaryl:

philosophical, historical and legal perspectives. Cambridge:

University of Cambridge, 2004.

TRUYOL y SERRA, Antonio et al. Actualité de la pensée

juridique de Francisco de Vitoria. Bruxelles: Bruylant, Centre

Charles De Visscher pour le droit international, 1988.

VIEJO-XIMÉNEZ, José Miguel. Totus orbis, qui aliquo

modo est una republica: Francisco de Vitoria, el derecho

de gentes y la expansión atlántica castellana. Revista de

Estudios Histórico-Jurídico: sección historia del pensamiento

jurídico, Valparaíso, n. 26, p. 359-391, 2004.

VITORIA, Francisco de. Obras de Francisco de Vitória:

relecciones teologicas. Madrid: Biblioteca de Autores

Cristianos, 1960.

WATTS, Alan W. Myth and ritual in christianity. London:

Th ames and Hudson, 1953.




DOI: https://doi.org/10.5102/rdi.v9i1.1602

ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia