O DIREITO INTERNACIONAL ENTRE O DEVER ÉTICO E A AÇÃO POLÍTICA: Os fundamentos de um dever de cooperação internacional na filosofia política de Immanuel Kant

Ademar Junior Pozzatti

Resumo


O presente artigo investiga se existe um fundamento para afirmar existir um dever de cooperação internacional ou se a colaboração é apenas um ato de cortesia entre os Estados. Esse trabalho busca fundamentar tal dever na teoria moral deontológica da tradição kantiana para mostrar que a sua concepção da razão prática impõe um dever de cooperação internacional. A hipótese deste trabalho é que existe um dever tanto moral quanto jurídico de cooperação internacional. Para a construção deste argumento, verifica-se como a ideia de dever ético se articula na direção da ação política e que é possível transpor o edifício ético kantiano para as relações internacionais através do desenvolvimento de um cosmopolitismo moral e jurídico. Por fim, verifica-se que o desdobramento contemporâneo de alguns desses preceitos pode sustentar um dever de cooperação internacional por parte dos Estados. A originalidade desta abordagem está na busca das categorias da filosofia política para pensar o direito, bem como na tentativa de sedimentar a cooperação internacional em preceitos éticos.

Palavras-chave


cooperação internacional; direito internacional público; filosofia política; teoria normativa das relações internacionais; Immanuel Kant

Referências


BRITO. Jose Henrique Silveira. Introdução à Fundamentação da Metafísica dos Costumes de I. Kant. Porto: Contraponto, 1994.

FLINKSCHUH, Katrin. Kant and Modern Political Philosophy. Cambridge University Press, 2004.

GOYARD-FABRE, Simone. Os fundamentos da ordem jurídica. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

GOYARD-FABRE, Simone. Filosofia crítica e razão jurídica. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

HABERMAS, Jürgen. Más allá del del Estado Nacional. Traducción de Manuel Giménez Redondo. Madrid: Trotta, 1997.

GOYARD-FABRE, Simone. Après l’État-nation: une nouvelle constellation politique. Paris: Arthème Fayard. Tradução de Rainer Rochlitz. Paris: Librairie Arthème Fayard, 2000.

GOYARD-FABRE, Simone. A Constelação pós-nacional. Ensaios políticos. Tradução de Márcio Seligmann-Silva. São Paulo: Litera Mundi, 2001.

GOYARD-FABRE, Simone. O Ocidente dividido. Tradução de Luciana Villas Boas. Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro, 2006.

GOYARD-FABRE, Simone. La inclusión del otro. Estudios de Teoría Política. Tradução de Juan Carlos Velasco. Barcelona: Paidós, 2012a.

GOYARD-FABRE, Simone. Sobre a constituição da Europa: um ensaio. São Paulo: Ed. Unesp, 2012b. HÖFFE, Otfried. Derecho Intercultural. Traducción de Rafael Sevilla. Barcelona: Gedisa, 2000.

GOYARD-FABRE, Simone. A democracia no mundo de hoje. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1988.

KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução de Edson Bini. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2005.

KANT, Immanuel. Sobre a expressão corrente: Isto pode ser correto na teoria, mas nada vale na prática. In: A Paz Perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Mourão. Lisboa: Edições 70, 2009a.

KANT, Immanuel. A Paz Perpétua. In: A Paz Perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Mourão. Lisboa: Edições 70, 2009b.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Guido Antônio de Almeida. São Paulo: Barcarolla e Discurso Editorial, 2009c.

KANT, Immanuel. Ideia de uma História Universal de um Ponto de Vista Cosmopolita. São Paulo: Martins Fontes, 2011. NOUR, Soraya. À paz perpétua de Kant: Filosofia do direito internacional e das relações internacionais. São Paulo: Martins Fontes, 2004.




DOI: https://doi.org/10.5102/rdi/bjil.v13i3.4184

ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia