Direito, raça e gênero: elementos para a construção de uma teoria feminista do direito adequada ao feminismo negro

Mário Lúcio Garcez Calil, Debora Markman

Resumo


O feminismo negro há muito tem observado que as demandas feministas comuns são monolíticas e desconsideram características e problemas das mulheres negras, fazendo-se necessário buscar os pressupostos para a adequação da teoria feminista do direito a essas especificidades. O presente trabalho tem o intuito de estudar as possibilidades de adequação da “teoria feminista do direito” às demandas especificamente formuladas pelo feminismo negro. Utilizou-se pesquisa bibliográfica, de abordagem dedutiva, com objetivo exploratório e propositivo. O estudo é justificável em decorrência da necessidade de atender amplamente às demandas pelo reconhecimento de direitos, bem como em decorrência da escassez de trabalhos que abordem o tema de forma especifica no Brasil. Concluiu-se pela necessidade de distanciamento da pauta monolítica e desvinculada das diferenças as mulheres, entronizando na teoria feminista do direito a luta contra o racismo e a estrutura de classes, por serem inseparáveis das demandas do feminismo negro.

Palavras-chave


Especificidades; Feminismo Negro; Teoria Feminista do Direito; Demandas; Racismo; Luta de Classes.

Texto completo:

PDF

Referências


ALIMENA, Carla Marrone. A tentativa do (im)possível: feminismos e criminologias. Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2010. (Coleção CriminologiaS: discursos para a academia - 2)

AWIRA, Erite. Feminist legal theory and practice. Asia Pacific forum on women, law and development, n. 2, p. 137-148, jan., 2009.

BAIRROS, Luíza. Nossos feminismos revisitados. Dados, v. 3, n. 3, p. 458-463, 1995.

BARTLETT, Katharine. Feminist Legal Methods. Harvard Law Review, v. 103, n. 2, p. 829-888, 1989.

BARTLETT, Katharine. Feminist legal methods. Harvard Law Review, v. 108, n. 4, p. 829-888, fev., 1990.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. v. 1: fatos e mitos. 4. ed. São Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1970.

BUTLER, Judith. El género en disputa: el feminismo y la subversión de la identidad. Barcelona, Paidos, 2007.

CAMPOS, Carmen Hein de. Teoria feminista do direito e violência íntima contra mulheres. EMERJ, Rio de Janeiro. v. 15, n. 57, p. 33-42, jan.-mar., 2012.

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 49-58.

CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Dados, n. 17, p. 117-132, 2003.

CHAMALLAS, Martha. Introduction to feminist legal theory. New York: Wolters Kluwer Law and Business, 2013.

COLLINS, Patrícia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento negro. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 99-127, 2016.

CRENSHAW, Kimberle. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminação Racial Relativos ao Gênero. Estudos Feministas, v. 1, p. 177-188, 2002.

DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018.

DAVIS, Angela. Mulher, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DUSSEL, Enrique. Ética da libertação: na idade da globalização e da exclusão. 2. ed. Petrópolis, Vozes, 2002.

FACIO, Alda. A partir do feminismo vê-se um outro direito. Outras vozes: women and law in Southern Africa (WLSA), n. 15, p. 1-6, maio, 2006.

FACIO, Alda. Hacia outra teoría crítica del Derecho. In: FACIO, Alda; FRIES, Lorena. (Orgs.). Género y Derecho. Santiago: LOM Ediciones, 1999, p. 15-44.

FINEMAN, Martha Albertson. Feminist legal theory. Journal of Gender, Social Policy & The Law, v. 13, p. 13-23, 2005.

LUJAN FLORES, María del. A violência de gênero no plano internacional. Verba Juris, ano 5, n. 5, p. 245-276, jan.-dez. 2006.

HOLMAAT, Rikki. De igual tratamiento a igual derecho. In: HEIM, Daniela; BODELÓN GONZÁLEZ, Encarna. (Orgs.). Derecho, género y igualdad: cambios en las estructuras androcéntricas. v. 1. Catalunha, Instituto Catalá de les Dones, 2010, p. 191-210.

JABARDO VELASCO, Mercedes. Introducción. Construyendo puentes: en diálogo desde/con el feminismo negro. In: JABARDO VELASCO, Mercedes. (Ed.). Feminismos negros: una antología. Madrid: Traficantes de Sueños, 2012, p. 32-33.

KOLLONTAI, Alexandra. A nova mulher e a moral sexual. São Paulo: Expressão Popular, 2002.

LACEY, Nicola. Feminism and Conventional Legal Theory. Humboldt Forum Recht, v. 1, n. 2, p. 64-69, 1996.

MACKINNON, Catherine. Hacia uma teoria feminista del derecho. Derecho y humanidades, a. 2. n. 3, p. 155-168, 1993.

MANINI, Daniela. A crítica feminista à modernidade e o projeto feminista no Brasil dos anos 70 e 80. Cadernos AEL, n. 4, p. 45-67, 1996.

MORRISON, Wayne. Filosofia do direito: dos gregos ao pós-modernismo. São Paulo, Martins Fontes, 2006.

MOSSMAN, Mary Jane. Feminism and legal method: the difference it makes. Australian Journal of Law and Society, v. 3, p. 30-52, 1986.

OLSEN, Frances. The sex of Law. In: KAIRYS, David. (Org.). The Politics of Law. Nova York, Pantheon, 1990, p. 453-467.

PATEMAN, Carole. Críticas feministas a la dicotomía público/privado. In: CASTELLS, Carmen. (Org.). Perspectivas feministas en teoría política. Barcelona, Paidós, 1996, p. 31-52.

PHILIPP, Rita Radl. Derechos humanos y género. CEDES, v. 30, n. 81, p. 135-155, mai.-ago. 2010.

PITCH, Tamar. Un derecho para dos: la construcción juridica del género, sexo y sexualidade. Madrid: Trotta, 2003.

RABENHORST, Eduardo Ramalho. As Teorias Feministas do Direito e a Violência de Gênero. EMERJ, v. 15, n. 57, p. 20-32, jan.-mar. 2012.

RABENHORST, Eduardo Ramalho. Feminismo e direito. Revista do núcleo de estudos e pesquisas em gênero e direito, v. 1, p. 109-127, 2010.

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro?. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SABADELL, Ana Lúcia. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do Direito. 5. ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2010.

SANTOS, Cecília MacDowell; IZUMINO, Wânia Pasinato. Violência contra as mulheres e violência de gênero: notas sobre estudos feministas no Brasil. Estudios Interdisciplinários de America Latina y El Caribe, v. 16, n. 1, p.147-164, 2005.

SOUSA, Rita Mota. Introdução às teorias feministas do direito. Porto: Edições Afrontamento, 2015.

THORNTON, Margaret. The development of feminist jurisprudence. Winter workshop on law, development and gender justice, Pune, ILS Law College, p. 11-22, jan., 1998.

WERNECK, Jurema Pinto. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. In: WERNECK, Jurema Pinto. (Org.). Mulheres negras: um olhar sobre as lutas sociais e as políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Criola, 2010, p. 76-85.

WEST, Robin. Jurisprudence and gender. The University of Chicago Law Review, v. 55, n. 1, p. 1-72, 1988.

WONG, Jane. The anti-essentialism v. essentialism debate in feminist legal theory: the debate and beyond. William & Mary Journal of Women and the Law, v. 5. n. 2. p. 274-295, 1999.




DOI: https://doi.org/10.5102/rbpp.v10i2.6797

ISSN 2179-8338 (impresso) - ISSN 2236-1677 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia