A atual pouco compreendida política externa brasileira 10.5102/uri.v9i1.1332

Eduardo Rezende

Resumo


Em vez de aproveitar o momento de expansão da projeção internacional do Brasil para se envolver em temas representativos para o conjunto dos atores do sistema internacional, parece que sua inserção caminha confusamente em direção contrária. Desde o início da presente década, o Brasil tem mantido evidente cordialidade com os governos de Cuba, da Venezuela, da Bolívia e mais recentemente com o governo do Irã. Ao se envolver em temas portadores de elevado grau de complicação das relações do país com os demais atores tomadores de decisão, a diplomacia brasileira parece sofrer de crise de identidade.
Tomados isoladamente, esses casos passam uma percepção e geram críticas, o que é natural, uma vez que o novo projeto exterior brasileiro nunca foi esclarecido ou debatido de forma ampla, mas se analisados num conjunto pode-se observar o que há por trás de tal posicionamento brasileiro e que mensagem quer passar.
Após todo o debate e a não formação da Área de Livre Comércio das Américas – ALCA, iniciativa lançada pelos EUA em 1994, o governo norte-americano, mesmo atuando em diversas frentes de combate ao terror, procurou fortalecer sua presença no subcontinente sul-americano. Os EUA começaram a costurar rede de acordos bilaterais de livre comércio com países da América Central e do Sul, viabilizou sua presença militar na região andino-amazônica por meio do Plano Colômbia, procurou cooperação para instalação de bases militares no Paraguai, o que os deixariam próximos à maior represa do mundo e à gigantesca hidrelétrica de Itaipu, reinstalaram a IV Frota, facilitando o monitoramento das reservas de hidrocarbonetos no litoral brasileiro e se apressaram em apoiar a convocação de eleições em Honduras após a destituição do presidente eleito.
Toda essa aproximação não é de se estranhar. O gás, o petróleo, a selva, a água, o mercado consumidor fazem parte da cobiça de uma hiperpotência, qualquer que seja ela. E tudo isso acontecendo em sua volta não é de se estranhar que o Brasil reaja demonstrando que há contraponto. O país percebeu as manobras e decidiu que não pode aceitar tamanha interferência em sua região natural. Principalmente em momento em que o sul do continente se expressa com renovado vigor e quase unanimidade a favor de iniciativas de integração econômica de seus países e condenando a velha política de agressão contra as nações.

Palavras-chave


política externa; diplomacia; Brasil; Estados Unidos; América do Sul

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DOI: https://doi.org/10.5102/uri.v9i1.1332

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